8 de setembro de 2010

Natividade da Santíssima Virgem






«Hoje sopraram as brisas anunciadoras da alegria universal. Dá louvores, ó céu! Fica feliz, ó terra! (Is 49, 13). Que a natureza inteira exulte: vem ao mundo a ovelha pela qual o pastor revestirá o cordeiro e rasgará as túnicas da antiga mortalidade! Celebremos uma festa em honra da Mãe de Deus.

Canta, ó Ana estéril, tu que não mais dás à luz! Explode de alegria e dá vivas, tu que já não tens as dores do parto! (Is 54, 1).

Regozija-te, Joaquim, pois da tua filha, nasceu para nós um menino, um filho nos foi dado. O seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, isto é, Senhor da salvação do universo, Deus Forte (Is 9, 5).

Se o menino é Deus, como não será Mãe de Deus aquela que o põe no mundo? “Quem não reconhece a Santíssima Virgem como Mãe de Deus, está separado da divindade”. Não é minha esta afirmação, mas ela pertence-me; recebi-a como preciosa herança teológica do meu pai, Gregório, o Teólogo. Hoje é o começo da salvação para o mundo, porque no rebanho do Senhor nasce a Mãe de Deus, da qual quis nascer o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

Hoje o Criador de todas as coisas, o Verbo divino, compôs um cântico novo, saído do coração do Pai, para ser escrito com uma pluma pelo Espírito, que é a linguagem de Deus.

Filha digna de Deus, beleza da natureza humana, reabilitação de Eva, nossa primeira mãe, Filha sempre virgem que pudeste conceber sem a intervenção humana, pois aquele que geraste tem um Pai eterno. Filha da raça humana que carregaste nos braços o Criador.

De facto, és mais preciosa que toda a criação, pois somente contigo o Criador partilhou as primícias da nossa humanidade. A sua carne foi feita da tua carne, o seu sangue, do teu sangue; Deus alimentou-se do teu leite, os teus lábios tocaram os lábios de Deus. Na presciência da tua dignidade, o Deus do universo amou-te; como te amou, te predestinou, e nos últimos tempos te chamou à existência e te estabeleceu mãe para dar à luz um Deus e alimentar o seu próprio Filho, o Verbo.

Por todo o teu ser és a câmara nupcial do Espírito, a cidade do Deus vivo, toda bela e próxima de Deus, alegrada pelas torrentes do rio que são as ondas dos carismas do Espírito.

Virgem cheia da graça divina, templo santo de Deus, o teu adorno não é de ouro nem de pedras mortas, mas é o Espírito quem te confere um esplendor bem maior que o do ouro. Como jóia tens a pérola mais preciosa, a chama da divindade: Cristo.

Deus Santo é o Pai que, no seu desígnio, quis que se cumprisse em ti o mistério que predestinara antes dos séculos.

Santo e Forte é o Filho unigénito de Deus, que te fez nascer para nascer de ti como Filho único de uma Virgem Mãe, primogénito de uma multidão de irmãos, semelhante a nós e participante, pelo teu intermédio, da nossa carne e do nosso sangue.

Santo e Imortal é o Espírito de toda a santidade, que pelo orvalho da sua divindade te resguardou do fogo divino, que a sarça ardente de Moisés prefigurava. Amen! Amen!

Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo, bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre (Lc 1, 28.42), Jesus Cristo, o Filho de Deus. A ele, a glória pelos séculos dos séculos.»


(São João Damasceno, Homilia 6 in Nativitate Beatæ Mariæ Virginis, 4-12)

Extraído do blogue da Teresa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Caro leitor, o seu comentário está sujeito a moderação. Se sua opinião é contrária a este artigo, seja educado ou seu comentário será apagado.

Em JMJ,
Grupo São Domingos de Gusmão.