2 de dezembro de 2010

"Não existe nenhum texto na Tradição que sustente a comunhão na mão"

Entrevista de Bruno Volpe, para Pontifex, a Dom Nicola Bux sobre a recepção da Sagrada Comunhão.

Como administrar dignamente o sacramento da Comunhão? Falamos com Monsenhor Nicola Bux, teólogo e apreciado liturgista. Poderá ser casualidade, porém o modernismo e o descuido de certas interpretações pós-conciliares levaram a um menosprezo deste sacramento ao qual agora a gente se aproxima de todos os modos possíveis, até em estilo militar.

- Dom Bux, qual é a forma mais correta de comungar?

- Diria que são duas. É a posição de pé, recebendo a partícula na boca, ou então de joelhos. Não vejo uma terceira via.

- Falemos da posição de pé (vertical)...

- Está bem, não tenho nada contra ela. O importante é que o fiel esteja intimamente consciente do que vai receber, isto é, que não se aproxime da Comunhão com uma despreocupação que demonstra imaturidade e absoluta distância de Deus.

- O que é melhor?

- Olhe, inclusive a Comunhão de pé, se se faz com devoção, compunção e sentido do sagrado, não está mal. Seria belo e conveniente, sem dúvida, que a Comunhão (inclusive quando é de pé) seja precedida por um sinal formal de reverência, isto é, a cabeça coberta para as mulheres, o sinal da cruz o uma inclinação de amor.

- Porém, por que motivo com frequência as pessoas se aproximam da Comunhão como se fosse de um Buffet?

- Agrada-me essa expressão e em parte é também certa. Muitos se levantam mecanicamente e não sabem, e nem sequer imaginam, que é o que recebem. Pensa-se que a participação na Missa inclui automaticamente a Comunhão, da qual devem aproximar-se somente aqueles que estão realmente na graça de Deus.

- Nos últimos meses, o Papa Bento XVI administrou a Comunhão de joelhos...

- Ele fez muito bem. Considero que o ajoelhar-se para receber a Comunhão ajuda a recolher o espírito e a compreender mais o mistério. Ajoelhar-se diante do Corpo de Cristo é um ato de amor e de humildade agradável a Deus, que nos faz revalorizar esse sentido do sagrado atualmente à deriva e perdido ou, pelo menos, diminuído.

- Em resumo, a Comunhão de joelhos ajuda o espírito...

- Certamente, favorece o recolhimento e a espiritualidade. Considero que a posição de joelhos para receber a Comunhão é a que mais corresponde ao sentido do mistério e do sagrado.

- E a Comunhão na mão?

- Lamento, porém não existe nenhum texto da Tradição que a sustente. Nem sequer o tomai e comei todos: não há nenhuma menção da mão e, se se quer, os apóstolos eram sacerdotes e tinham o direito à Comunhão na mão. Os orientais não a permitem.

- Numa igreja de Roma, a do Caravita, geralmente muito concorrida especialmente pela comunidade católica mexicana, um sacerdote jesuíta [...] faz pegar pessoalmente a partícula pelos fiéis que a molham no cálice. É correto fazer isso?

- Trata-se de um abuso gravíssimo e intolerável do qual fazem bem em avisar-me e do qual o Bispo deve tomar consciência e conhecimento. Os parágrafos 88 e 94 [da Redemptionis Sacramentum] afirmam que não é permitido aos fiéis tomar por si mesmos a hóstia ou passar o cálice de mão em mão. Creio que a Comunhão não é válida. Analisarei o problema, porém estamos diante de um abuso inadmissível que deve ser reprimido o quanto antes.

Fuente: Pontifex

Visto en: Rorate Caeli

Traducção: A Buhardilla de Jerónimo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Caro leitor, o seu comentário está sujeito a moderação. Se sua opinião é contrária a este artigo, seja educado ou seu comentário será apagado.

Em JMJ,
Grupo São Domingos de Gusmão.