19 de fevereiro de 2011

A Época da Páscoa

O domingo da Septuagésima enceta o segundo ciclo do ano eclesiástico, a época da Páscoa, que termina com o último domingo de Pentecostes.

A – Preparação para a Festa da Páscoa

Os três domingos consecutivos da Septuagésima, Sexagésima e Qüinquagésima, têm por fim encaminhar os fiéis à preparação próxima da festa da Páscoa: a Quaresma.

Chama-se Quaresma os 40 dias de jejum e penitência que precedem à festa da Páscoa. Essa preparação existe desde o tempo dos apóstolos, que limitaram sua duração a 40 dias, em memória do jejum de Jesus Cristo no deserto. Durante esse tempo a Igreja veste seus ministros com paramentos de cor roxa e suprime o cânticos de alegria: o “Glória”, o “Aleluia” e o “Te Deum”.

Na IV.ª feira depois do Domingo da Qüinquagésima, dia em que começa a Quaresma, a Igreja faz a imposição das cinzas (Quarta-feira de Cinzas), para lembrar aos fiéis que são pó e em pó se hão de tornar.

Nesse tempo santo convém:

a)     Fazer penitência, observando a lei do jejum;

b)    Ouvir com freqüência a palavra de Deus;

c)     Preparar-se por uma boa confissão para a comunhão pascal.

Em virtude de um indulto especial, concedido à América do Sul, os fiéis, de 21 anos completos até 60 anos de idade, são somente obrigados a jejuar: com abstinência de carne, na Quarta-feira de Cinzas e nas sexta-feiras; sem abstinência de carne, nas quartas-feiras e na Quinta-feira Santa. [Porém, agrada a Nosso Senhor que você faça sacrifícios em honra ao seu Sacratíssimo Coração].

O quinto domingo da Quaresma chama-se Domingo da Paixão. A partir desse dia, a Igreja, em sinal de luto, encobre com um véu as estátuas e as imagens de Nosso Senhor e dos santos. Na sexta-feira dessa semana é a festa de Nossa Senhora das Dores.

A última semana é a Semana Santa; chama-se santa, porque nesses dias se comemoram os maiores mistérios praticados por Jesus Cristo para a redenção do gênero humano. Começa com o:

Domingo de Ramos. – Antes da Missa paroquial, o sacerdote benze solenemente os ramos e os distribui ao clero e aos fiéis, que os levam primeiro em procissão e depois para suas casas. Esta cerimônia simboliza a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, seis dias antes de sua paixão. Durante a Santa Missa canta-se ou lê-se a narração da Paixão, escrita por São Mateus (na terça-feira a de São Marcos; na quarta-feira a de São Lucas e na sexta a de São João), que exprime claramente quais devem ser os sentimentos e afetos do verdadeiro cristão durante toda a Semana Santa.

Na quarta, quinta e sexta-feira, realizam-se, à tarde, ofícios chamados trevas, porque antigamente eram cantados à noite. Findos, apagavam-se as luzes para simbolizar o luto da Igreja e a escuridão que baixou à Terra quando Nosso Senhor morreu. Conservou-se este costume até hoje, apagando-se as velas do candieiro triangular e as do altar, uma por uma, ao fim de cada salmo. Durante o ofício das trevas cantam-se as lamentações do profeta Jeremias sobre Jerusalém. Os três últimos dias têm igualmente, cada um, ofícios e cerimônias peculiares para os atos religiosos.

A Quinta-feira Santa é consagrada à comemoração da instituição do Santíssimo Sacramento e do sacerdócio católico. As principais cerimônias desse dia são:


  1. – Em cada igreja paroquial e conventual celebra-se uma só Missa, na qual os outros sacerdotes recebem da mão do celebrante a Santa Comunhão para imitar, de forma particular, a ceia do Senhor, em que Jesus fez pela primeira vez a consagração e os apóstolos comungaram de sua mão.
  2. – A Igreja parece esquecer sua dor por um instante, para festejar o grande mistério da Eucaristia. Os paramentos sacerdotais e o véu da Cruz do Altar-mor são de cor branca; ouve-se o cântico “Glória”, durante o qual repicam solenemente todos os sinos, emudecendo depois até ao Sábado de Aleluia.
  3. – O Padre consagra duas hóstias grandes, uma das quais conserva para o ofício da Sexta-feira Santa, porque naquele dia, em que Jesus Cristo ofereceu o sacrifício cruento no monte Calvário, não há consagração nas santas funções.
  4. – Terminada a Missa, leva-se solenemente para o outro altar festivamente preparado e chamado santo sepulcro, a segunda hóstia grande que acaba de ser consagrada e que há de servir no dia imediato, para a Missa dos pressantificados.
  5. – Depois da cerimônia precedente, retiram-se do Altar-mor o Santíssimo, adornos, panos, etc., enquanto o sacerdote, com os ministros, reza o salmo 21, no qual David profetizou a paixão do Salvador com as circunstâncias de sua morte no Calvário. Os bispos consagram nas catedrais, durante a Missa, os santos óleos que devem servir para a administração do batismo e da extrema-unção, e em seguida o santo crisma, usado no batismo, na confirmação e na sagração de novos bispos.
  6. – Em memória da humildade de Jesus, que neste dia lavou os pés aos apóstolos, o bispo em sua catedral, os superiores em suas igrejas de conventos, lavam os pés de doze pobres (ou súditos), beijam-nos com respeito, enxugam-nos com as próprias mãos, compenetrados dos mesmos sentimentos de humildade e caridade que tinha o Salvador.
  7. – Durante todo esse dia as irmandades e os fiéis em geral fazem a guarda de honra a Jesus Sacramentado.

Sexta-feira Santa. – As cerimônias desse dia são todas lúgubres e tristes, porque visam representar o luto e a dor em que se acha a Igreja, pela morte de seu fundador. O celebrante e os ministros aproximam-se do altar, trajando paramentos pretos. Chegados lá, prostram-se, estendidos no chão; depois erguem-se e procede à leitura de uma lição da Sagrada Escritura e da Paixão. Seguem as orações solenes que a Igreja faz por todo o mundo, mesmo por seus maiores inimigos, para imitar Nosso Senhor. Ao concluí-las, o celebrante, despindo a casula, dirige-se ao lado da epístola, e descobre sucessivamente os braços e a cabeça da cruz; coloca-a no degrau do altar e, de pés descalços, prostra-se três vezes, adorando Jesus Cristo representado na Cruz. Finda esta cerimônia, traz-se ao altar, em procissão solene, a Hóstia consagrada, que desde a véspera se achava no santo sepulcro. Chagado o préstito ao altar, o sacerdote a levanta, para ser adorada e comunga.

Sábado de Aleluia. – Esse dia é consagrado especialmente a honrar a sepultura de Nosso Senhor. As principais cerimônias são:


  1. – Bênção do fogo novo, que se tira dum sílex, e com o qual se acende um círio de três bicos, outras velas e a lâmpada do santuário;
  2. – Bênção do círio pascal, como o canto do Exsultet;
  3. – Leitura das profecias;
  4. – Bênção da água batismal;
  5. – Ladainha de todos os Santos; e
  6. – Missa solene com Glória, durante a qual se tocam os sinos e se cantam as Aleluias.

Ao meio-dia acaba o tempo de jejum.

Evangelhos desta Época


Análogos aos evangelhos depois da Epifania, que representam o magistério de Jesus, os do Domingo da Septuagésima até a Páscoa recordam seu sacerdócio. O lance culminante é o sacrifício cruento no altar da cruz.

Domingo da Septuagésima: Já os homens, antes da vinda de Jesus, participam dos frutos da redenção, e nunca é tarde demais para salvar-se: Os operários da vinha: São Mateus, 20, 1-16.

Domingo da Sexagésima: Para se salvar, porém, é necessário aceitar de boa vontade a doutrina de Jesus Cristo e pô-la em prática: Parábola do semeador. São Lucas, 8, 4-15.

Domingo da Qüinquagésima: Jesus mesmo prediz sua paixão, mas o gênero humano ainda é cego para compreender esse mistério. O Messias terá de abrir-lhe a vista espiritual, por sua graça e doutrina: Predição da paixão e cura do cego de Jericó: São Lucas, 18, 31-43.

Quarta-feira de Cinzas: A quarta-feira de Cinzas marca o início do tempo quaresmal. O Evangelho fala do modo de jejuar: São Mateus, 6, 16-21.

I Domingo da Quaresma: Jesus começa as funções de seus sacerdócio pela penitência, jejuando 40 dias, e pela humilhação, sujeitando-se às tentações do demônio: Jejum e tentação de Jesus: São Mateus, 4 1-11.

II Domingo da Quaresma: A esta humilhação segue a exaltação na transfiguração dobre o monte Tabor. A Transfiguração de Jesus: São Mateus, 17, 1-9.

III Domingo da Quaresma: Os fariseus se opõem à missão sacerdotal de Jesus; seu ódio aumenta de dia a dia, enquanto o povo, empolgado pelos milagres de Jesus, o reconhece como Salvador: A Cura do cego mudo: São Lucas, 11, 14-28.

IV Domingo da Quaresma: À humilhação que sofreu o Senhor pelos insultos dos judeus, segue a ovação do povo por motivo da multiplicação dos pães. O milagre em si é uma figura do sacrifício incruento do Novo Testamento: A multiplicação dos pães: São João, 6, 1-15.

Domingo da Paixão: O ódio dos judeus contra Jesus toma tal incremento que acusam o divino Salvador de ter relação com o demônio e procuram apedrejá-lo. Discussão com os judeus: São João, 8, 46-59.

Domingo de Ramos: Também a estas perseguições de que Jesus é vítima, segue-se um contraste na: Entrada triunfal em Jerusalém: São Mateus, 21, 1-9.

Quinta-feira Santa: Jesus Cristo, o sacerdote por excelência, institui o sacrifício do Novo Testamento: São João, 13, 1-15.

Sexta-feira Santa: Dia mais memorável de quantos têm havido desde a criação do mundo, no qual se registra o fato único na história: a morte de Deus humanado pela salvação da humanidade.

Para o Evangelho lê-se a paixão de Cristo segundo São João.

Sábado de Aleluia: O caráter do dia é um misto de dor e de júbilo; a Igreja, se bem que de luto, propõe aos fiéis o evangelho da ressurreição: São Mateus, 28, 1-7.

Retirado do livro História Sagrada do Antigo e do Novo Testamento do Frei Bruno Heuser, O.F.M..

[Nota do site].

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