28 de setembro de 2011

Um Exemplo a Seguir

Não obstante o grande número de Papas que passaram pela cátedra de São Pedro em odor de santidade, permitiu a Providência Divina que ocupassem o sólio pontifício uns poucos eclesiásticos sem as virtudes que devem ornar um Pontífice Romano. Entre eles, destacamos o advogado e militar, Rodrigo de Bórgia, que adotou o nome, tristemente célebre, de Alexandre VI. Hoje, quando se tenta impor aos católicos uma obediência ao atual Pontífice, é interessante recordarmos o desastroso pontificado de Alexandre VI e a tenaz resistência que lhe pôs um santo prior dominicano.

A História da Igreja registra que Alexandre VI "foi eleito Papa por detestáveis maquinações simoníacas". (D. Jaime Câmara-Apont. de Hist. Eclesiástica - pág. 196). "Os cardeais sem constrangimento, nem precipitação, em plena liberdade e, por isso, validamente, mas com vergonhosos tráficos simoníacos e, por isso, ilicitamente, puseram a tiara na cabeça do Cardeal Rodrigo Bórgia, cujos adultérios, perfídias e crueldades eram conhecidos por todo mundo (...) Permitiu a Divina Providência que subisse ao mais alto grau da hierarquia um homem que a Igreja primitiva não teria admitido nem à mais baixa dignidade eclesiástica."

"Contra os excessos do Papa e em geral contra os abusos da Cúria, ergueu-se qual novo Elias o célebre Girólamo Savonarola" (F. D. Romag - Compêndio de Hist. da Igreja - Vol. II - pág. 278/280). "O genial Savonarola, prior do convento dos dominicanos, em Florença, que gozava de extraordinário  prestígio naquela cidade, por causa da austeridade de sua vida e da força arrebatadora da sua eloquência, fazia invectivas veementes contra o Papa e sua Cúria mundana". (D. J. Câmara - pág. 197). Com ardor desusado exortou os cristãos a reformar seus costumes e trabalhou por se reunir um Concílio Geral onde o Papa fosse deposto. Alexandre VI chamou-o a seu tribunal. Savonarola, porém, não obedeceu e desprezou a excomunhão". (F. D. Romag Vol. II - pág. 280). Ele tinha plena convicção da nulidade dessa excomunhão, tanto que, por diversas vezes "frisou energicamente que afastar-se da Igreja Romana era afastar-se do próprio Cristo", e ele estava com Cristo e sua Igreja. Contra ele foi instaurado um processo onde foi condenando à morte "como herético, cismático e desprezador da Santa Sé". Morreu na fogueira.

O Papa Júlio II, que sucedeu a Alexandre VI, considerava Savonarola um santo, digno das honras dos altares. Pensavam da mesma forma os Papas Clemente VII e Paulo III que também exaltaram a santidade de Savonarola. S. Felipe Neri e S. Catarina Ricci devotaram grande admiração pelo extraordinário prior dominicano. E, como se isto não bastasse, há no Vaticano um processo para beatificar Girólamo Savonarola.

Em sua época, Savonarola era um grande "desobediente", um "excomungado", um "cismático" e um "detrator do Papa". No entanto, a Igreja lhe fez justiça. Enaltece a sua justificável e santa desobediência; considera inválida a sua excomunhão; exalta a sua ortodoxia e a sua santidade e defende a legitimidade das suas enérgicas censuras ao Papa e sua Cúria mundana. Quanto a Alexandre VI, passou à história com a imagem enegrecida pelos seus atos desonestos, devassos e cruéis.

Que Savonarola sirva de exemplo para os verdadeiros discípulos de Cristo e de alerta aos prosélitos das novidades, que formam uma nova religião amoldada às suas preferências pessoais.

Fonte: Livro "Assis se Repete?" - Hirley Nelson de Souza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Caro leitor, o seu comentário está sujeito a moderação. Se sua opinião é contrária a este artigo, seja educado ou seu comentário será apagado.

Em JMJ,
Grupo São Domingos de Gusmão.