21 de novembro de 2011

Nossa Senhora Colegial

Festa da Apresentação de Nossa Senhora no Templo - 21 de novembro

O Evangelho nada nos diz, porém existe uma tradição antiga e venerada de que a Santíssima Virgem se educou no templo de Jerusalém, como muitas outras jovens de Israel.


A Igreja celebra a festa da Apresentação da Santíssima Virgem no templo. 

A vida daquelas jovens podia comparar-se com a das meninas que se educam num colégio; podemos pois chamar à menina Maria, colegial. Faremos o retrato com os dados que nos dá a tradição. As ocupações das jovens que viviam no templo, reduziam-se à oração e ao trabalho. Quando o sol começava a dourar os longínquos montes da Arábia, as jovens assistiam ao sacrifício matutino. Cobertas com o véu, inclinavam a cabeça e oravam pedindo a vinda do Messias Redentor. Depois dedicavam-se a trabalhar: cosiam os véus do altar, limpavam os vasos das oferendas e esfregavam o chão de mosaicos. Aquelas jovens faziam trabalhos primorosos. Umas volteavam com os seus dedos ágeis o fuso de cedro; outras recamavam de ouro, de púrpura e de jacintos os véus do templo; outras inclinadas sobre um tear ou um bastidor, confeccionavam delicados trabalhos de tapeçaria. As ocupações da mulher forte, que descreve a Sagrada Escritura, as que, segundo Homero, realizavam as antigas princesas. Ainda hoje chamam os orientais fio da Virgem a uns finíssimos trabalhos de renda, subtis como a névoazinha que sobe do fundo dos vales nas manhãs de outono.
Em memória das ocupações da Virgem, as jovens da primitiva Igreja depositavam no altar de Maria uma roca com seus novelos de lã branca adornada com formosos laços de púrpura. A Virgem estudava também um pouco: ouvia as explicações da Escritura e aprendia de memória, hinos e cânticos sagrados. A Santíssima Virgem, como todas as suas companheiras, vivia no templo afastada do mundo, cultivando no retiro a flor delicadíssima da sua pureza. Vivia longe das diversões mundanas, longe do trato com os homens, cultivava também as virtudes que são defesa, floração e complemento da pureza: o pudor e a modéstia. Ao ouvir isto, pensarás: aquelas jovens parece que se educavam para religiosas. Não era assim. Aquelas jovens educavam-se para esposas e para mães. Aquelas jovens estavam destinadas a formar os lares modelos de Israel. Quanto têm que aprender delas as jovens modernas e as mães modernas também! A jovem de hoje forma-se ou deforma-se na rua, no bar, no cinema, na praia; e é a sua própria mãe quem a leva ou manda a esses lugares de deformação. A casa e o colégio, são os lugares onde se deve educar a menina e a jovem. A educação familiar deve ser a base da educação do colégio; e uma e outra educação têm de completar-se.



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A educação que a jovem recebe nos colégios e centros docentes deve ir encaminhada para o lar principalmente. Alguma privilegiada sentirá o chamamento de Deus a um estado mais perfeito: a virgindade; porém a maioria tem como ideal o matrimônio. Por isso no colégio devem adquirir as virtudes sobrenaturais e domésticas de que necessita a mulher casada para desempenhar bem a sua missão. Deve adquirir uma Piedade sólida. Não uma piedade sentimental que dura enquanto se está na capela. Não uma piedade de beata: rezas intermináveis que não têm influência na vida prática. Deve ser uma piedade fundada no santo temor de Deus, no conhecimento do domínio que Deus tem sobre os homens e da obrigação que os homens têm de servir a Deus; fundada no conhecimento e no amor a Jesus Cristo; piedade que leve a evitar todo o pecado mortal e ainda venial, que infunda espírito de abnegação e de sacrifício, que leve à prática de todas as virtudes. Assim era a piedade da Santíssima Virgem.

Maria no retiro do templo cultivava a açucena da pureza. Que necessária é esta virtude para uma futura mãe! O mundo está saturado de sensualidade e a mãe tem que afastar de sua casa esse ambiente envenenado. Mais ainda, a mãe no lar tem de ser a açucena de pureza que embalsame com o seu perfume todo o ambiente doméstico: puras as suas palavras, puros os seus olhares, puros os seus gestos, tudo nela pureza. A jovem que cresce num ambiente de sensualidade criará no seu lar o mesmo ambiente. A jovem que leva ao matrimônio um coração corrompido, longe de ser no lar açucena de pureza, será foco de corrupção que envenene a própria casa. Quer Deus te chame a um estado de perfeição evangélica quer Deus te destine ao matrimônio, deves cultivar com todo o cuidado, desde os teus anos de colegial, a virtude da pureza. E como defesa da pureza, deves cultivar o pudor. O pudor é um instinto do homem .que o faz por em guarda, mal assome algum perigo contra a pureza. Quando a tentação quer entrar pelos olhos, o pudor fecha-os; quando quer entrar pelos ouvidos, o pudor tinge o rosto de carmim, para dizer ao desbocado: cala-te que me ofendes.

O pudor natural aperfeiçoa-se e atrofia-se. Vai-se atrofiando na jovem, conforme se vai habituando à nudez: exibindo-se ela mesma ,e contemplando os mais. O mundo é um cemitério do pudor. E quando o pudor for enterrado, morre também a pureza. Irmã do pudor é a modéstia. Uma virtude que põe moderação nas atitudes exteriores do homem, sobretudo no vestir. A modéstia é a flor que brota no exterior da raiz oculta da pureza. A modéstia vai desaparecendo do mundo também. O ambiente em que vive a mulher é tal que necessita heroísmo para não se deixar arrastar pela corrente da moda, e a jovem deve sair do colégio disposta a lutar heroicamente para guardar a modéstia.

No ano de 1930 a Sagrada Congregação do Concílio, por mandado de Sua Santidade Pio XI, deu para todo o mundo normas de modéstia que deviam guardar-se. Dirige-se aos pais de família, e recorda-lhes a gravíssima obrigação de procurar para seus filhos a educação religiosa e moral e de imprimir nas almas de suas filhas o amor à modéstia e à castidade com a palavra e com o exemplo que não lhes permitam vestir indecorosamente, nem consistam tomar parte em exercícios públicos de ginástica; e, se se vêem obrigados a consentir, procurem que os seus vestidos sejam honestos, e com vestidos desonestos não lhes permitam apresentar-se.

Exorta os pais a que, dentro do lar, imitem a Sagrada Família, para que nele tenham um estímulo contínuo para guardar a modéstia e a honestidade. A Sagrada Congregação dirige-se depois às mestras e diretoras de colégios para que secundem o trabalho dos pais e elas também que introduzam tão fundo na alma das meninas o amor à modéstia, que se movam com eficácia a vestir honestamente; e manda às diretoras de colégios que não admitam no colégio nem as meninas nem as mães de meninas que não vistam honestamente. Estas plantas delicadas têm de cultivar-se cuidadosamente desde a infância.

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Com estas virtudes sobrenaturais, são necessárias as virtudes domésticas para governar uma casa. A Santíssima Virgem trabalha no templo e prepara-se para trabalhar na casinha de Nazaré. Trabalha nos ofícios manuais; e a trabalhar não lhe caía da fronte a coroa de Rainha dos Céus. Trabalhava com as suas mãos delicadíssimas, aquelas mãos de rainha calejavam-se e não se envergonhava disso. Estudava um pouco também, estudava a Sagrada Escritura e nela a teologia e a moral, a literatura e a história do seu povo. Adquiriu aquele nível de cultura que possuíam as jovens das boas famílias de Israel. Porém as suas ocupações no templo iam encaminhadas principalmente a administrar mais tarde o lar que Deus lhe confiasse. Grande lição para os nossos tempos. Porque existe hoje em dia uma grande desorientação neste sentido. A educação da mulher equipara-se quase completamente com a educação do homem. É verdade que substancialmente tanto vale o homem como a mulher; os dois possuem a mesma natureza humana, os dois foram elevados à mesma ordem sobrenatural da graça, os dois têm o mesmo destino eterno, os dois têm de cumprir o mesmo decálogo. Apesar, porém, desta igualdade fundamental existem entre o homem e a mulher diferenças bem marcadas de ordem fisiológica, intelectual e moral, diferenças que provêm da missão diferente que têm que desempenhar na terra. Difícil será averiguar qual dos dois tem uma inteligência mais privilegiada; porém é indiscutível que essas inteligências levam direção diferente.

Na ordem prática e moral, o caráter do homem difere muito do da mulher, sem que se possa precisar tão pouco qual deles é melhor; pois um e outro. possuem as suas virtudes e os seus defeitos peculiares. Ora bem, se a mulher tem que desempenhar um papel diferente do do homem, se a sua inteligência leva uma direção diferente da do homem, se o seu caráter apresenta modalidades diversas da do homem, é um absurdo dar ao homem e a mulher a mesma preparação para a vida, é um absurdo levar pelo mesmo caminho a sua inteligência e é um absurdo formar no mesmo molde o seu caráter. A mulher, antes de mais nada, está destinada a ser esposa, a ser mãe e dona de casa. Logo, para isso deve dirigir-se principalmente a sua educação. É verdade que há ocasiões em que tem de suprir a falta do varão, por ficar viúva ou solteira e a necessidade tirânica, a obrigará a ocupar-se em ofícios impróprios da mulher, para ganhar o sustento; porem isso deve ser uma exceção da lei geral. É verdade também que a sociedade atual pede à mulher um grau de cultura mais elevado que em épocas anteriores. Que adquira o maior nível cultural possível; porém que não esqueça que a sua missão principal está dentro do lar.

É também tendência desacertada que a mulher se equipare em tudo ao homem: nas diversões, nos desportos, até nos vícios de fumar e beber: em algumas nações até no vestir; em todo o seu comportamento e até na vida social. Resultado de tudo isto? Que a mulher vai perdendo ou perdeu já as notas características da sua feminilidade: o pudor, a modéstia, a delicadeza nos modos. Que a mulher francamente cristã está a desaparecer. Resultado de tudo isto? O que se ouve: raparigas para divertimento há todas as que se queira; poucas, muito poucas, formadas para esposas e para mães. Não sucederia isto se as raparigas recebessem a educação devida.

Fonte: Retratos de Nossa Senhora - Juan Rey, S.J. - Livraria Apostolado da Imprensa - 1957

Fonte:São Pio V

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