Os
servos de Maria têm um belíssimo sinal de predestinação. Para
confortá-los, a Santa Igreja aplica à Mãe de Deus o texto do
Eclesiástico: Em todos estes busquei o descanso e assentarei a minha
morada na herança do Senhor (24, 14). O Cardeal Hugo comenta: Feliz daquele em cuja morada a Santíssima Virgem encontra o lugar de seu repouso. Maria
ama a todos os homens e quereria ver sua devoção reinar no coração de
todos os fiéis. Muitos ou não a recebem ou não a conservam. Feliz de
quem a recebe e conserva fielmente. “Assentarei a minha morada na
herança do Senhor”, isto é, — segundo Pacciucchelli — a devoção à
Santíssima Virgem ostenta-se em todos os que no céu formam a herança do
Senhor e lá eternamente o louvam. E mais adiante lemos: Aquele que me
criou descansou no meu tabernáculo e me disse: Habita em Jacó e possui a
tua herança em Israel, e lança raízes nos escolhidos (Eclo 24, 12 e
13). Isto quer dizer: Meu Criador dignou-se vir repousar em meu seio, e
quis que eu habitasse no coração de seus eleitos (dos quais Jacó foi
figura), que são minha herança. Determinou que deitassem profundas
raízes em todos os predestinados a devoção e a confiança para comigo.
Oh!
quantos não estariam agora no céu, se Maria, com a sua poderosa
intercessão, para ali não os tivesse conduzido. “Eu fiz com que nascesse
no céu uma luz que nunca falta” (Eclo 24, 6). O Cardeal Hugo, aplicando
esse texto à Santíssima Virgem, fá-la dizer: Faço
brilhar no céu tantos luzeiros eternos, quantos são os meus devotos.
Por isso ele acrescenta: Muitos santos acham-se no céu pela intercessão
de Maria sem ela jamais lá estariam.
Garante
S. Boaventura que as portas do céu se abrem para receber a quantos
confiam no patrocínio de Maria. S. Efrém diz por isso ser esta devoção a
abertura do paraíso. E Blósio assim se dirige à Virgem Maria: Senhora, a vós estão confiadas as chaves e os tesouros do reino celestial. Portanto,
continuamente lhe devemos pedir com S. Ambrósio: Abri-nos, ó Maria, a
porta do paraíso, já que dele tendes as chaves e sois a porta, como vos
chama a Santa Igreja.
O nome de Estrela do Mar também é dado a Maria pela Santa Igreja. Porque assim
como os navegantes, diz S. Tomás, são dirigidos ao porto por meio da
estrela, também assim os cristãos são guiados para o paraíso por meio de
Maria. Igualmente chama-a o Pseudo-Fulgêncio de escada do céu. Isso
porque por meio dela desceu o Senhor do céu à terra, para que por ela
os homens merecessem subir da terra ao céu. E a este propósito lhe diz
S. Atanásio Sinaíta: Senhora, sois cheia de graça para serdes o caminho
de nossa salvação e a subida para a pátria celeste. Para S. Bernardo é
ela o carro que nos leva ao céu. João, o Geômetra, a saúda como carro
resplandecente por meio do qual os seus servos entram no céu. Daí, pois,
a exclamação de S. Boaventura: Bem-aventurados
os que vos conhecem, ó Mãe de Deus, porquanto conhecer-vos é a estrada
da vida imortal, e celebrar vossas virtudes é o caminho para a salvação.
Pergunta
Dionísio, o Cartuxo: Quem se salvará? quem conseguirá reinar no
paraíso? E responde: Aqueles, sem dúvida, por quem tiver rogado a Mãe de
misericórdia. É o que ela mesma afirma com as palavras: Por mim reinam
os reis (Pr 8, 15). Por minha intercessão as almas reinarão,
primeiramente sobre suas paixões na vida mortal e depois no céu, onde
todos são reis, na frase de S. Agostinho. Maria é, em suma, a Senhora do céu, pois que ali manda como quer e nele introduz quem quer. Assim
conclui Ricardo de S. Lourenço, que à Virgem aplica por isso as
palavras do Eclesiástico. É em Jerusalém o meu poder (24, 15).
(Glórias de Maria – Santo Afonso Maria de Ligório)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Caro leitor, o seu comentário está sujeito a moderação. Se sua opinião é contrária a este artigo, seja educado ou seu comentário será apagado.
Em JMJ,
Grupo São Domingos de Gusmão.