28 de janeiro de 2011

O Sacerdócio de Cristo

« Temos nós, pois, um grande pontífice que penetrou os céus, Jesus Filho de Deus »
(Heb 4, 14)

I. — Cristo é sacerdote.

O ofício próprio do sacerdote é ser mediador entre Deus e o povo, porque transmite ao povo os dons divinos, segundo aquilo da Escritura: « Da sua boca se há de requerer a doutrina » (Ml 2, 7). E também por ser quem oferece a Deus as preces do povo e, de certo modo, satisfaz a Deus pelos pecados dele. Donde o dizer o Apóstolo: « Todo pontífice, tomado dentre os homens, é constituído a favor dos homens naquelas coisas que tocam a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados » (Heb 5, 1).

Ora, tudo isto convém sobremaneira a Cristo. Pois, por ele, os bens divinos foram conferidos aos homens, segundo aquilo da Escritura: « Pelo qual, i. é, por Cristo, nos comunicou as maiores e mais preciosas graças, que tinha prometido, para que por elas sejais feitos participantes da natureza divina » (2 Pd 1, 4). E também reconciliou o gênero humano com Deus, segundo o Apóstolo: « Foi do agrado do Pai que nele, i. é, em Cristo, residisse toda a plenitude e que por ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas » (Cl 1, 19). Donde a Cristo convém sumamente ser sacerdote.

II. — É simultaneamente sacerdote e hóstia. Como diz Agostinho: todo sacrifício visível é sacramento, i. é., sinal sagrado do sacrifício invisível. Ora, pelo sacrifício invisível, o homem oferece a Deus o seu espírito, segundo aquilo da Escritura: « Sacrifício para Deus é o espírito tribulado » (Sl 50, 19). Por onde, tudo o oferecido a Deus, para elevarmos a ele o nosso espírito, pode chamar-se sacrifício.

Ora, o homem precisa de sacrifício por três razões:

1. Primeiro, para remissão dos pecados. E por isso diz o Apóstolo, que ao sacerdote pertence « oferecer dons e sacrifícios pelo pecado». (Heb 5, 1).

2. Segundo, para conservar-se em estado de graça, sempre unido a Deus, que lhe constitui a paz e a salvação. Por isso, na lei antiga, imolavam-se hóstias pacíficas pela saúde dos oferentes, como se lê na Escritura.

3. Terceiro, para o seu espírito se unir perfeitamente com Deus, o que sobretudo se dará na glória. Por isso, na lei antiga oferecia-se o holocausto, que quer dizer como totalmente queimado.

Ora, tudo isso nos resultou da humanidade de Cristo.

1. Assim, primeiro, os nossos pecados foram delidos, conforme àquilo do Apóstolo: « Foi entregue por nossos pecados » (Rm 4, 25).

2. Segundo, por Ele recebemos a graça salvífica, como se lê no Apóstolo: « Veio a fazer-se autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecerem. » (Heb 5, 9).

3. Terceiro, por Ele, alcançamos a perfeição da glória, ainda no dizer do Apóstolo: « Temos confiança de entrar no santuário, pelo seu sangue » (Heb 10, 19). Isto é, na glória celeste.

Por onde, o próprio Cristo, enquanto homem, não só foi sacerdote, mas também hóstia perfeita, ao mesmo tempo hóstia pelo pecado, hóstia pacífica e holocausto.

III q. XXII, a. 1 et 2.
(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae.)

Fonte: http://permanencia.org.br/drupal/node/1906

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