18 de maio de 2011

A Heresia do Americanismo

O Americanismo


Se mencionamos aqui o americanismo, entre as heresias, é apenas a título de lembrança. Na realidade, não é uma heresia formal: é contaminação naturalista que desapareceria logo depois de denunciada e condenada. Os fatos são êstes. Entre os mais eminentes missionários católicos da América, estava o Pe. Isaac Thomas Hecker, fundador dos "Missionários de São Paulo". Nascera em Nova York, de pais protestantes. Converteu-se ao catolicismo em 1844 e entrou na ordem dos redentoristas em 1845, ordenando-se sacerdote em 1849. Voltando para a América, logo criou fama de grande orador. Mas parece que muito cedo começou a espalhar idéias que a Igreja condenaria com o nome de americanismo. Em desavença com a Congregação, o P. Hecker saíu dela e fundou nova Congregação que se expandiu com bastante rapidez. Morreu em 1888. Era um homem zeloso, verdadeiro apóstolo que compreendera a necessidade de se empregarem os meios mais modernos para o apostolado de nosso tempo, particularmente a imprensa. Em nosso século, também sob o patricínio de São Paulo, nasceu e foi muito aprovada uma Congregação que coloca no primeiro plano de seus métodos de apostolado tôdas as descobertas modernas: imprensa, cinema, televisão. Não foi, portanto, isso o que provocou a condenação do americanismo. Após sua morte, o padre Hecker foi celebrado por um biógrafo indiscreto, o Pe. Elliot. O livro apareceu em 1894. Foi traduzido para o francês em 1897. Um Padre de São Vicente de Paulo, Carlos Maignen, denunciou o panegírico numa brochura intitulada: O Pe. Hecker é santo? Seguiu-se viva polêmica. Terminou com a condenação do americanismo. Que significa americanismo? Em primeiro lugar é uma tendência que condena a constituição tradicional da Igreja, pretextando que "o futuro pertence às democracias" e que a palavra liberdade já exerce poder mágico sôbre os espíritos. De um modo ou de outro, a Igreja deveria deixar de ser uma religião de autoridade, para, como a protestante, se tornar religião de liberdade.

Em segundo lugar, conforme os americanistas, seria tempo de rever a escala dos valores espirituais. A idade média punha em primeiro lugar as virtudes passivas.: humildade, obediência, pobreza, mortificação, etc. Nossa época, segundo os americanistas, tem razão em dar maior importância às virtudes ativas, como sejam: energia na ação, apostolado externo, a luta pela palavra, imprensa, publicidade moderna; numa palavra, tudo o que se resume por êste têrmo em moda: o dinamismo, para fazer triunfar a verdade e a justiça! Os homens de ação são donos do mundo.

Tais aspirações são, evidentemente, as antípodas do quietismo como o esboçamos no início do presente capítulo. E por isso que tais idéias, atualmente, trazem o nome de ativismo, exatamente o contrário de quietismo. Mas a Igreja não aceita nenhuma das duas posições. O papa Leão XIII, que certamente pode ser chamado um "papa dinâmico", condenou peremptôriamente o americanismo em sua carta Testem benevolentiae, dirigida ao cardeal Gibbons, em 22 de janeiro de 1899.

Mas o ativismo, forma renovada do americanísmo, continua sendo uma tentação e mesmo um perigo para a própria Igreja de nossos dias.

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Monsenhor Cristiani. Prelado da Santa Sé. Breve História das Heresias. São Paulo: Flamboyant, 1962. Ps. 109-110.

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