"Na
véspera de minha Primeira Comunhão prometi solenemente a Jesus amá-lo
sempre... Mas, ai! fui vítima dessas pragas terríveis que, hoje em dia,
fazem tantos perderem a virtude e a honra: as más companhias e as
leituras perigosas.
Aos vinte anos era o maior libertino de minha cidade. Trinta anos seguidos acrescentei feridas sobre feridas.
Por acaso, passei por Paray-le-Monial. A cidade estava em festa. Surpreso, aproximei-me de uma mulher e perguntei:
- Que é que está acontecendo?
- Como? O sr. não sabe? É a grande peregrinação, respondeu ela.
- Para quê?
- Para honrar o Coração de Jesus.
- O Coração de Jesus? onde está? posso vê-lo?
- Não se pode ver. O Sagrado Coração manifestou-se a uma religiosa da
Visitação, Santa Margarida Maria, e recomendou-lhe que trabalhasse para
que este Coração fosse honrado por todos os homens.
- Onde fica a Visitação?
Seguindo as indicações daquele boa mulher, dirigi-me ao célebre
santuário. Cheguei à Visitação. Quis entrar na capela, mas estava
repleta de gente. Esperando que a multidão se dispersasse, olhava em
torno de mim. Em que pensava eu? Eu mesmo não sei. Meus olhares se
fixaram, com curiosidade, numas franjas de tela branca, sobre as quais
resplandeciam, em vermelho, umas inscrições. Li: Promessas de Nosso
Senhor a Santa Margarida Maria.
Fui percorrendo, uma por uma, todas as inscrições. Muitas frases me
pareciam sem sentido. Eram para mim um enigma aquelas palavras:
"Graça... favor... misericórdia... tibieza... perfeição... Mas uma frase
feriu-me logo o coração: 'Dareu aos sacerdotes o poder de comover os
corações mais empedernidos'.
No mesmo instante veio à tona toda minha impiedade. 'Comover os
corações mais endurecidos... Assim está escrito... Pois bem, veremos se é
verdade. Por que não tirar a prova?
Chamarei um sacerdote. Que palavras dirá tão inspiradas que possam comover um coração como o
meu?' E eu ria, batendo no peito.
Naquele momento passou perto de mim uma religiosa. Voltando-me para
ela, bruscamente, disse-lhe: 'Queria falar com um sacerdote de
Paray-le-Monial'. Ela me introduziu numa pequena sala. A seguir, entrou
um sacerdote. Encontramo-nos frente a frente. Passaram-se alguns
segundos... Ele me
olhava, esperando que eu falasse. Eu não tinha na alma mais que
impiedade e sarcasmo e, contudo, senti um estremecimento passageiro. O
sacerdote veio ao meu encontro: 'Bem, o que é que deseja, meu amigo?'
- Seu amigo! Ah! você não me conhece. Não tenho fé. Não acreditonuma palavra de
tudo quanto vocês dizem e escrevem. Chame-me de excomungado, ímpio, infiel, o que queira, mas amigo... isso a outro.
Assim continuei falando por algum tempo. A frase que li sobre a tela
branca estava guardada em minha mente com esta irônica pergunta: 'O que
irá me dizer?'
O sacerdote estava pálido. Contudo, nenhum gesto de indignação lhe
escapou. Eu ria... Ele via bem, mas não entendi os sinais de cabeça que
expressavam minhas perguntas, significando: 'E a minha
conversão?'
Eu estava vencendo. Triunfava... Estava a ponto de romper numa
gargalhada e confessar-lhe toda a verdade quando, de repente, ah! tremo
ao
lembrá-lo.
- Meu amigo, sua mãe ainda
vive?
Que emoção tão intensa senti naquele momento! Aqui oSagrado Coração me
esperava. Algumas lágrimas brotaram de meus olhos.
Estava tremendo. Minha mãe! As palavras de minha mãe! Oh! sim, é
verdade! O Sagrado Coração de Jesus! Quisera estar diante daquela
imagem, ante a qual me ajoelhara com minha mãe... Voltar a ler aquelas
linhas que me escreveu com mão trêmula e às quais, desgraçado de mim,
jamais prestara atenção: 'Filho meu, escrevo-te de meu leito de agonia.
Morro pelos desgostos que me causaste, mas não te maldigo, porque
esperei sempre que o Coração de Jesus te convertesse'.
Entrei no Santuário do Sagrado Coração para ajoelhar-me diante de um
confessionário... Poucos dias depois, aproximei-me da Sagrada Mesa".
Sacerdotes, amai o Sagrado Coração e convertereis muitos homens.
Mães de família, que chorais os extravios de vossos filhos, rogai por eles ao Sagrado Coração de Jesus.
(FONTE: "As Doze promessas do Coração de Jesus" Pe. Manuel Mosquero Martin, S. J.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Caro leitor, o seu comentário está sujeito a moderação. Se sua opinião é contrária a este artigo, seja educado ou seu comentário será apagado.
Em JMJ,
Grupo São Domingos de Gusmão.