Gigantes Adormecidos

Por León Hispano 

"É verdade que o mundo está cheio de perigos, e que há nele muitos lugares sombrios, porém há também muitas coisas bonitas, e embora em toda a parte o amor hoje esteja unido à tristeza, não se torna menos poderoso". (O senhor dos Anéis, I) 

Estava dando voltas na minha cabeça esta frase, que meu pai compartilhou comigo enquanto conversávamos, numa típica tarde de chuva no Condado, ele me disse: - "Nós católicos somos gigantes adormecidos". O tema de nossa conversa era a situação dos católicos no mundo de hoje.

E na minha tentativa de buscar imagens, encontrei uma que me parece espetacular, os Ents.
Essas árvores adormecidas que são atacadas ferozmente por um mundo que tenta usar delas para a intauração do reino do progresso indefinido.

Se me permite, tomo a ousadia de aproveitar-me dessa imagem, tão bem alcançada por Tolkien em sua obra "O Senhor dos Anéis" para tentar lançar um pouco de luz ao que nos acontece hoje; sem querer esgotá-la. Acredito que isso é uma constante na obra do nosso amigo. Aproveito apenas algumas características que podem ser aplicadas a nós.

No mundo de hoje, o exército do mal cresce em grande escala, destruíndo toda a ordem natural. O mal avança e nós continuamos dormindo, sem responder, como se nada estivesse acontecendo. Porém, basta observar um pouco, e perceberemos que nem tudo anda bem, no mundo e na Igreja.

Há em nós uma força inimaginável, uma virtude que provém de Deus, "já que nEle somos, vivemos e existimos". E o mesmo Cristo, nosso Rei e Senhor disse que "o Reino dos Céus deve sofrer violência". Então, a que se deve este medo que nos paralisa? Por que continuamos lá, mesmo quando tudo parece desmoronar? Devemos estar tranquilos e seguros, porque nos foi prometida a vitória: "As portas do inferno não prevalecerão".

Nos Ents são refletidas várias realidades: 

Por um lado, tomando em conta seu ofício, o de Pastores, inevitávelmente, penso na Hierarquia da Igreja. Que está, em sua maioria, anestesiada. O mal varre os bosques com as árvores mais jovens, e quanta flor brota. Um inverno cinza toma conta dos bosques, e o mal tenta cobrí-lo por inteiro, e os Pastores nos falam de uma "Primavera". Isto é um disparate. Queremos pastores santos, corajosos, dispostos a tudo! Até mesmo dar suas vidas por àqueles que lhes foram confiados. Por favor, sejam realistas, não existe essa primavera. Tudo parece um inverno frio onde a caridade se esfria. Necessitamos de guias seguros, com doutrina firme, conforme nossa santa Tradição. Doutrina que seja alimento, e luz na escuridão, da fome e sede que é de Deus.

No entanto, lá também estão representados cada um de nós. Como disse SS. Pio XII, estabeleceu-se "o cansaço dos bons". Parece que não há razões para despertar e lutar "o bom combate" paulino. Cristo está chegando, não sei quando, mas está a caminho. Ele deve, então, encontrar-nos despertos, de pé e lutando pela intauração do Seu Reino, que já está entre nós, em nosso corações, mas que deve manifestar-se ao mundo. Portanto, respondam ao chamado do Rei. Tenham a coragem de servir.  

Podemos ver também todo o ocidente cristão, representado nesses bosques adormecidos. Essa cultura que certa vez foi capaz de dar vida a todo o mundo. Ela deve ressurgir, romper os laços com as trevas, dando novamente vida a este mundo de morte. Portanto, devemos despertar, o ocidente deve ressurgir, deve colocar-se em pé e ser "luz das nações". Nossa cultura pode ser comparada à sabedoria dos Ents. Essa cultura deve ser a seiva que dá vida à novos rebentos. Seiva que transmita, que entregue, que seja Tradição.

Muito se pode dizer e acrescentar a respeito. Isto é simplesmente uma idéia que vagava por minha cabeça. Entretanto, lembrem-se que o retorno do Rei está próximo e pode ocorrer a qualquer momento.  Lembrem-se também que o Ents despertaram e foram para a batalha, na qual seu papel não foi pequeno. Que Nosso Senhor, em Sua segunda vinda, nos encontre de pé, como os gigantes Ents, gigantes dos bosques, despertos e em guarda. 

Fonte: Rincón de Tolkien